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Primeira reflexão.

A forma como as pessoas se comportam socialmente, e até politicamente, em termos de representação ou voto, diz muito acerca da forma como as pessoas se realizam intrinsecamente. Pessoas intrinsecamente violentas, tendem a ser violentas em sociedade. Pessoas que só valorizam o capital, tendem a votar em políticos altamente capitalistas. Tudo com consequências relacionais. Entre outras coisas, de superior ou igual importância, o estado em que se encontra a dimensão social de uma cultura, diz muito acerca da forma em que a generalidade das pessoas intervenientes se encontra dentro da dimensão individual. Não basta uma sociologia. A sociedade precisa de uma individualogia. As pessoas precisam de uma individualogia. Cada uma. Sem excepção.

 

 

Segunda reflexão.

É muito importante adquirir cultura. Mas também é importante criá-la e recriá-la. Há um espírito criativo dentro de cada pessoa que transcende constantemente a simples aquisição de cultura. Todos herdam um pouco dos outros. Mas também todos devem afirmar aquilo que têm de mais singular. Original. Não basta absorver cultura. É preciso fazer parte dela. É preciso transformá-la. É preciso desconstrui-la. É preciso dá-la. Não basta ser-se apenas um mero “erudito” cultural. É preciso ser-se um génio cultural! É preciso ser-se um rebelde cultural! E isto, todos podem! E se todos podem, todos devem!

 

 

Terceira reflexão.

Quem idolatra o capital, mais não faz do que dar prova da sua falta de autoestima. Quem idolatra o capital, mais não faz do que viver em ilusão. Quem idolatra o capital, no fundo, tudo o que deseja é amor, atenção, aceitação, valorização. Quem idolatra o capital, tudo o que sente, é falta de si. Aquele que idolatra o capital, nunca se sentirá realizado. Tendo ou não tendo, o objeto que tanto idolatra. Pois, o facto de o idolatrar, significa que já se perdeu. Significa que já se perdeu a si mesmo. Significa que precisa de se reencontrar. O capital tem o valor que tem. Nunca terá o valor da autoestima. É tão necessário apenas quanto a sua necessidade. Idolatrem o amor! Idolatrem o bem-estar interior! Idolatrem a harmonia entre todos os Seres! E verão que o capital será um meio para atingir fins, e não um fim que atinge meios.

 

 

Quarta reflexão.

Quando o ego domina, há um enorme sentimento de superioridade diante semelhante. E se há diante o semelhante, muitos mais haverá diante o “diferente”. Por causa do ego, as pessoas sentem-se superiores diante a diferença. Condição de alteridade acaba por ser imediatamente condição de inferioridade. As pessoas, por causa do ego, sentem-se superiores àquelas que têm crenças diferentes, raças diferentes, etnias diferentes, condições sociais diferentes, etc. Não haveriam de se sentir superiores aos outros animais? Quando as pessoas fazem mal às outras pessoas, claro que também farão mal aos outros animais. Claro que farão mal à natureza num sentido geral. Há um maquiavelismo generalizado. Há um antropocentrismo generalizado. É preciso contrariar essa tendência decadente. É preciso relativizar todos os Seres. Todos os Seres são igualmente importantes. Enquanto não se compreender isto, não se poderá viver e conviver em harmonia.

 

 

Quinta reflexão.

Há um culto do relacionamento na sociedade extremamente patológico. As pessoas têm medo da solitude. Ser solteiro parece ser um problema. Até parece que quem não se encontra em nenhum relacionamento afetivo não poderá sentir-se em plenitude. O que eu vejo é pessoas solitárias que procuram os relacionamentos a qualquer custo. O que eu vejo é que as pessoas sentem solidão. E querem colmatar essa lacuna com os outros. Por isso é que os relacionamentos não correm bem. Não podem correr bem. Pois o conflito permanece. As pessoas sentem solidão acompanhadas, não irão sentir solidão em solitude? Quando as pessoas procuram relacionamentos sem primeiro resolverem o vazio interior, tudo o que poderá resultar é o conflito. Pessoas carentes exigirão sempre em demasia dos seus parceiros. Ora, os estados de exigência são estados de desarmonia, e se são de desarmonia são também de conflito. Há um culto do relacionamento na sociedade porque há um culto da projeção da própria felicidade nos outros. É esta a conclusão que eu chego. As pessoas não se resolvem interiormente e querem que os outros façam isso por elas. Não é ser solteiro que é um problema… Este culto coletivo e inconsciente do constante relacionamento é que parece ser um autêntico problema. A constante projeção da própria felicidade nos outros é que parece ser um autêntico problema. O problema é a dependência-emocional, não é a solitude, muito menos a solteirice.

 

 

Sexta reflexão.

A forma como as pessoas reagem nas estradas, enquanto conduzem, diz muito acerca dos seus estados interiores. Quando há violência latente, no interior das pessoas, ela tende a despertar com as situações do dia-a-dia que as incentivam. A violência não se cria nas estradas. A violência leva-se para as estradas. Mesmo que de forma inconsciente. Pessoas pacificadas interiormente não reagem violentamente às situações e desafios do dia-a-dia. Ora, a dimensão interior de cada um, o estado em que se encontra, é da única e exclusiva responsabilidade do mesmo. São as pessoas que trazem a violência para o mundo. Não é propriamente o mundo que faz as pessoas violentas. Seja como for, quando já existe violência interior, há que tratá-la. Há que cuidar dela. E nada melhor que exercícios de autoajuda para o efeito. Meditar, por exemplo. Eu acho que a filosofia de autoajuda, aliás, só a filosofia de autoajuda é que poderá salvar a humanidade da autodestruição. Não só, mas fundamentalmente. Ninguém pode mudar o próximo. Apenas pode dar o exemplo. E ajudá-lo a mudar-se. A autoajudar-se. É esta a conclusão que eu chego. É preciso ensinar filosofia de autoajuda às pessoas. É preciso institui-la em todas as formas de ensino. Caso contrário, bem que só se poderá esperar o degredo. Ora pois. Voltando ao começo do parágrafo. São as “pequenas” muitas circunstâncias do dia-a-dia que determinam o estado em que se encontra uma pessoa. Cuidemos para que as nossas “pequenas” grandes e muitas circunstâncias do dia-a-dia sejam harmoniosas e com amor.

 

 

Sétima reflexão.

As pessoas perdem muito tempo e energia para tentarem convencer os outros a pensarem como elas. Perdem muito tempo para se sentirem reconhecidas. Para que os outros concordem com elas e assim encontrem conforto emocional. As pessoas perdem muito tempo a competirem dialeticamente umas com as outras. E dedicam muito pouco tempo para se tentarem verdadeiramente compreender. As pessoas não se querem ouvir umas às outras. As pessoas não querem aprender umas com as outras. Estão sempre centradas em transformar os outros. Mas nunca se querem transformar a elas mesmas. Nunca se querem colocar em causa. E isso é um grande problema social. Começando por ser um grande problema intrínseco. Não façamos o mesmo!

 

 

Oitava reflexão.

Não são só os políticos que fazem política, que agem politicamente, que têm poder e responsabilidade políticas. Todos nós temos responsabilidade política. Todos nós somos responsáveis pelo nosso futuro. É só muito mais fácil culpar os políticos por tudo o que acontece na sociedade. Na vida de cada um. Todos nós temos o dever «político» de cuidar do meio ambiente. Por exemplo. Cada um de nós. E mesmo que falemos em guerras mundiais. São todos os que participam ativamente nelas que as criam. Se os soldados se recusassem a lutar em nome dos presidentes e generais, nunca se fariam guerras mundiais. Política, fazemos todos nós! Política, somos todos nós! Vamos libertarmo-nos da síndrome da vitimização e perceber que todos temos o dever e o poder para mudar o mundo!

 

 

Nona reflexão.

Imaginemos uma relação entre duas pessoas. Uma vive com dependências emocionais relativamente à necessidade de se sentir compreendida pelos outros. A outra, por causa da falta de autoestima, realiza-se constantemente com interpretações denigrativas relativamente aos outros, por causa da necessidade de se sentir superior aos mesmos. Portante, sem nunca participar da vontade de os compreender, verdadeiramente. Como acham que poderá funcionar esta relação? Será no mínimo conflituosa. Cada uma com o problema da falta de autoestima. Ambas em potencial conflito. Uma de uma maneira e a outra de outra. Ambas precisam de se tratar intrinsecamente. A falta de autoestima começa potencialmente conflituosa em termos individuais. Passando depois para termos relacionais, e seguidamente para termos sociais. Quantas discussões não dão em nada de jeito por causa destas problemáticas interiores?

 

Décima reflexão.

O facto de haver milhões de pessoas a morrer à fome, e investimento de milhões em armamento nuclear, que serve para destruir e matar o máximo número de pessoas possível, demonstra a maior decadência humana em termos institucionais. Nunca faltaram recursos no mundo. O que falta é saber geri-los. Canalizemos todo o tipo de recursos de forma positiva, construtiva e produtiva. Ou então, continuaremos a caminhar para a autodestruição.

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